segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Tempo de Magia

Video: ATP
Silvestre Fonseca convidou os amigos para um concerto de Natal e ofereceu-lhes uma noite de magia...

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Depois das vindimas... "El vino"

Sí señor... el vino puede sacar cosas que el hombre se calla; que deberían salir cuando el hombre bebe agua. ...

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Os Aposentos do Senhor Reitor


Seminário Velho em Donas
Quando em 1953 Vergílio Ferreira publicou o seu livro Manhã Submersa ainda eu era uma criança na idade pré-escolar.

Sem capacidade para a leitura ainda, mas com a percepção que ao meu redor algo se comentava sobre o conteúdo da narrativa vivida pelo personagem António Lopes, aluno do Seminário, e que anos mais tarde, quando pude ler e compreender o livro, constatei ser o alter-ego do escritor, durante a sua formação no velho edifício que foi seminário católico ali a 200 metros da minha casa. Uma outra das figuras centrais do livro era o Reitor, naquele ano já retirado na sua casa de Donas, justamente ao lado da minha e com quem convivia diariamente, provocou em mim  uma sensação de profunda curiosidade e de mistério. Afinal a lenda criada pelo livro era uma realidade com figuras e factos do meu dia a dia e ao meu inteiro alcance.


Vergílio Ferreira com o realizador Lauro António
junto ao antigo Seminário

O vestuto edifício do antigo seminário era já nesse ano um casarão desabitado, misterioso e em decadência. E o Reitor, apesar do perfil descrito na Manhã Submersa não corresponder à minha visão, era afinal o Monsenhor que me ensinava a ler latim para o poder acolitar na missa que rezava diariamente na sua capelinha privada na porta ao lado da minha.

Nos anos subsequentes o antigo seminário, transformou-se em Obra de Socorro Familiar para rapazes de famílias desestruturadas mais uma vez sob o impulso do Monsenhor, que concomitantemente era deputado na Assembleia Nacional do Estado Novo.


Meio século depois o antigo seminário adaptou-se aos tempos modernos e é hoje um magnífico hotel - o "Príncipe da Beira".

Hotel Princípe da Beira (Antigo Seminário)
Foi com grande emoção que há pouco dias voltei a entrar naquele lendário edifício para ali pernoitar e o acaso destinou-me um quarto na ponta norte do primeiro andar, precisamente o lugar dos aposentos do Senhor Reitor.


quarta-feira, 25 de agosto de 2010

As Praias deste Verão

Ao alcance de uma pequena viagem de automóvel:


NAZARÉ



S. MARTINHO DO PORTO


ERICEIRA


PORTINHO ARRÁBIDA 


AZENHAS DO MAR
PRAIA MAÇÃS
COSTA DE CAPARICA
MECO
SESIMBRA
COMPORTA
TRÓIA

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Carta aberta ao meu putativo vizinho do "Farmville"



Nem que a torre do Santuário do Sameiro, que você vislumbra da sua mesa de trabalho, caia, eu alguma vez aceitarei ser seu vizinho virtual na quinta do farmville!

Mas que coisa agora, amigo AFF, querer plantar virtualmente nabos ou mungir vacas, agarrado ao rato do computador?

Eu que o conheci, como um agricultor diferente dos outros, no tempo do PREC (processo revolucionário em curso) há dezenas de anos, com formação superior em engenharia mas sempre equipado com fato de campanha, um grande jipe todo-o-terreno, e um sabujo cão pastor alemão, ali destacado pela sua nobre família, a guardar as suas terras das Beiras contra as investidas dos que as queriam ocupar para fazer a reforma agrária, agora deu nisto?

Não, não e não!

Prefiro recordar o tempo em que caminhavamos, a pé ou de jipe, na imensidão das suas quintas enquanto você dirigia os trabalhos agrícolas mas também e sempre à pesquisa da melhor barragem ou charca para pescar barbos, achigãs ou carpas.

Lembra-se como os peixes saltavam nas águas calmas e lisas daquelas lagoas logo ao nascer do sol, parecendo um espelho a estalar, não querendo saber do nosso isco cuidadosamente posto com o anzol na ponta da linha?

Pois é, como pescadores eramos uns autênticos amadores, cinco ou seis exemplares era um luxo, mas como "gourmets" uns autênticos profissionais!

Lembra-se que o meio-dia nunca mais chegava para darmos por finalizada a nossa missão e podermos atacar aquilo que mais gozo nos dava e que no fundo era também o nosso grande objectivo? Saborear uma lebre com feijão, um coelho bravo à caçador, ou um faisão à moda do dono das tabernas que iamos descobrindo por montes e vales.

Lembra-se também quando combinámos uma pescaria em Espanha e um dia a coisa correu mal?

Era o primeiro verão pós revolucionário e haviamos acertado encontrarmo-nos na barragem de Alcantara para pescar num sábado. Você, que gostava de aventuras e ar livre, resolveu avançar, sem mim, de véspera e dormir no seu jipão com o inseparável sabujo na margem da barragem. Tudo bem, se as circunstâncias fossem outras, ou seja, não tivesse havido uma revolução em Portugal e os espanhóis não andassem desconfiados e vigilantes com a mania das bombas que os "esquerdalhos terroristas" portugueses ameaçavam pôr.

Pois bem, você foi detectado em ponto sensível, detido para averiguações e a Guardia Cívil de Alcantara ofereceu-lhe, "simpaticamente", dormida debaixo de telha nas suas instalações.

Para convencer os "nuestros hermanos" que era uma pessoa de bem, disse-lhes então que um amigo, colega de pescarias, haveria de se encontrar consigo para iniciar a programada faina, logo bem cedo no sábado, na Plaza Mayor de Alcantara.

Efectivamente, quando cheguei ao local, uma guarda de honra policial esperava-me e perante o meu espanto, perguntou-me:

- Usted, tiene un amigo con un perro y un todo-terreno?
- Sí, claro! Debe estar en el Café Central como acordado antes de pescar.
- No, por supuesto, de momento se encuentra todavía en el cuartel de la guardia.
- En el cuartel de la guardia, pero por qué?
- Bueno... lo vamos a liberar inmediatamente pues usted confirma lo que su amigo nos ha dicho ayer por la noche en el embalse que su intención eres solamente pescar ...

Ainda, incrédulo, vejo-o a si, passado algum tempo, finalmente ao longe, caminhar meio zonzo, talvez por causa de uma noite mal dormida, puxado pela trela do fidelíssimo pastor alemão, na minha direcção e, como sempre, tudo acabou em bem:

Com um bom "revuelto de esparrágos" e uma excelente "tortilla" à espanhola.

E a pesca? A pesca, mais uma vez, que se lixe!



quarta-feira, 21 de julho de 2010

O General, O Coronel e O Sabujo


Não sejas sabujo, pá!

Estás do lado dele porque ele é General e eu sou Coronel?

Claro, Coronel! Sempre é mais simples o General livrar-me da tropa dos séniores que vai ser obrigatória, não sei se sabe, que o senhor, que é só Coronel...

Este diálogo militarizado que conheci, quando por lá passei, há quase quarenta anos, culminou o almoço acalorado da tertúlia de amigos das sextas-feiras, que muito aprecio.

Mas quem manda um civil discutir com militares o perfil de João Franco, primeiro-ministro da parte final do reinado de Dom Carlos?

Apenas a particularidade de na minha juventude de estudante liceal o mesmo João Franco ser um símbolo da rivalidade.

João Franco era a figura máxima do Alcaide, terra fronteira da minha que era Donas. E em Donas, naquele tempo, a única arma que encontrei para contrabalançar os meus colegas do Alcaide, era um cabeça de estátua, natural da terra, João Pinto dos Santos, postado num granítico pedestal, e onde encontrei gravado em letras douradas: "Honra do Foro e do Parlamento".

Claro que em honrarias a minha terra estava nítidamente em plano subalterno e alguma coisa teria de ser feita para salvar o bom nome do povo donense. Nada como desafiar os do Alcaide para um jogo de bola no seu largo principal. Lembro-me que marquei o golo da vitória em terra do "inimigo" e tive que fugir por montes e vales para não levar uma coça.

Mas, ao mesmo tempo, o meu amigo Tony, ANTÓNIO Manuel Oliveira GUTERRES, o menino sábio, com quem passava as intermináveis tardes do verão beirão, no terraço da casa do seu avô, jogando xadrez ou às damas, se encarregou de me explicar quem era João Franco, coisa que, à época, ainda não constava nos manuais de história do liceu.

Tony, que viria a ser sucessor, quase 100 anos depois, no mesmo cargo de primeiro-ministro do nosso vizinho rival, nos intervalos das jogatanas de tabuleiro, em que por regra o "score" era 60/40 a seu favor (mas atenção que ele respeitava as minhas tácticas de ataque!), contava-me, enquanto bebiamos a fresca limonada preparada pela sua avó, o que sabia sobre o tema.

E a ideia que na altura formei de João Franco, homem pequenino, que falava "achim" e com tiques anti-democráticos, pouco ou nada se modificou pelas leituras complementares.

Mas a personagem persegue-me. Nas discussões estéreis com os colegas do liceu, no primeiro raspanete a sério no escritório do meu Pai, na Rua João Franco e, agora, acaloradamente, na mesa da melhor tertúlia de amigos. É obra!

Mas saiba V.Exa., meu Coronel, que só conheci um verdadeiro "sabujo". Era o cão preferido do Sherlock Holmes, o tal dos criptógramas, e a quem o "sabujo", leal e cordialmente, prestou inestimáveis serviços, ajudando-o a decifrar os enigmas.

terça-feira, 20 de julho de 2010

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Navegadores



"Porém já cinco Sóis eram passados
Que dali nos partíramos, cortando
Os mares nunca doutrem navegados,
Prósperamente os ventos assoprando,
Quando uma noite estando descuidados,
Na cortadora proa vigiando,
Uma nuvem que os ares escurece
Sobre nossas cabeças aparece."



"Tão temerosa vinha e carregada,
Que pôs nos corações um grande medo;
Bramindo o negro mar, de longe brada
Como se desse em vão nalgum rochedo.
— "Ó Potestade, disse, sublimada!
Que ameaço divino, ou que segredo
Este clima e este mar nos apresenta,
Que mor cousa parece que tormenta?"



"Não acabava, quando uma figura
Se nos mostra no ar, robusta e válida,
De disforme e grandíssima estatura,
O rosto carregado, a barba esquálida,
Os olhos encovados, e a postura
Medonha e má, e a cor terrena e pálida,
Cheios de terra e crespos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos."



"Tão grande era de membros, que bem posso
Certificar-te, que este era o segundo
De Rodes estranhíssimo Colosso,
Que um dos sete milagres foi do mundo:
Com um tom de voz nos fala horrendo e grosso,
Que pareceu sair do mar profundo:
Arrepiam-se as carnes e o cabelo
A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo."



"E disse: — "Ó gente ousada, mais que quantas
No mundo cometeram grandes cousas,
Tu, que por guerras cruas, tais e tantas,
E por trabalhos vãos nunca repousas,
Pois os vedados términos quebrantas,
E navegar meus longos mares ousas,
Que eu tanto tempo há já que guardo e tenho,
Nunca arados d'estranho ou próprio lenho:"



— "Pois vens ver os segredos escondidos
Da natureza e do úmido elemento,
A nenhum grande humano concedidos
De nobre ou de imortal merecimento,
Ouve os danos de mim, que apercebidos
Estão a teu sobejo atrevimento,
Por todo o largo mar e pela terra,
Que ainda hás de sojugar com dura guerra."



— "Sabe que quantas naus esta viagem
Que tu fazes, fizerem de atrevidas,
Inimiga terão esta paragem
Com ventos e tormentas desmedidas.
E da primeira armada que passagem
Fizer por estas ondas insofridas,
Eu farei d'improviso tal castigo,
Que seja mor o dano que o perigo."

(Lusíadas - Canto V)

terça-feira, 22 de junho de 2010

O Ketchup que virou Setechup



O Cristiano Ronaldo afinal tinha razão!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A Toca do Caboz - Since 1949

Era tempo de guerra colonial, centenas de cadetes, futuros oficiais milicianos, recebiam a sua breve, mas intensa, formação militar em Mafra. África era o destino. Fazer a guerra e voltar vivo e inteiro era o grande objectivo.

A preparação física e psicológica, a motivação e liderança, a táctica e estratégia, ministradas na Tapada, eram intensivas e desgastantes, mesmo para gente de 20 e poucos anos.

Havia que compensar o corpo e a alma de tão grande desgaste e logo que a hora da liberdade chegava,  a corrida para a Toca do Caboz na Ericeira ganhava foros de prioridade. Ali chegados e garantido o lugar à mesa, o resto ficava por conta da imaginação e da perícia culinária das irmãs Ana Maria e Odete.

Para minha surpresa, passados todos estes anos, reencontrei a Toca do Caboz, o magnífico restaurante de outrora, a funcionar em pleno, agora sob a gerência do sobrinho Luis.

Como um final de tarde de Junho, degustando um petisco dos deuses - choquinhos à moda da casa - nos pode fazer reviver intensamente o passado?

Um passado, já longínquo, de mais de 40 anos!

Há coisas que não morrem!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Em Espanha com bom vento e um bom casamento !

Diz o velho ditado português que "De Espanha nem bom vento nem bom casamento!"

Na verdade, os ventos vindos de leste são bem mais desagradáveis que os do lado do mar que amenizam o nosso clima e os casamentos arranjados aos nossos reis, pelos nossos vizinhos, significavam normalmente dependência política.

E o problema agravava-se quando do lado de lá despachavam uma princesa como Carlota Joaquina para o nosso futuro rei João VI. Com esta andaluza de menos de um metro e meio, anafadinha e feia, o bom do João preferiu caçar javalis e dormir sózinho no convento em Mafra...

Mas os ventos mudaram!

E nem a ameaçadora nuvem de cinzas vulcânicas me fez parar na caminhada para testemunhar, na Costa Brava da Catalunha, sob um suave vento mediterrânico, um bom casamento.

Da Maria, "La catalana", com o Jorge, "El peruano".

Ambiente magnífico, que começou na igrejinha de Santa Rosa em Llafranc, junto ao mar, e se prolongou pela noite dentro no paradisíaco "El Far" com soberba vista para a imensidão do Mediterrâneo.

Gracias Maria y Jorge, muchas felicidades para vosotros!



Jamás olvidaré la entrada triunfante en "El Far" con "A Canção do Mar" de Dulce Pontes con que has distinguido un par de portugueses entre centos de invitados de distintos idiomas.   
                                                              Fotos: ATP

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Da Sopa da Pedra à Nova Esquerda

                                             Foto: ATP

Almeirim, 17 de Abril de 2010

Da lenda da sopa da pedra, recordo que o frade chegou a uma localidade, meio cansado e com a barriga a dar horas, bateu à porta dum simpático casal de idosos, dizendo-se capaz de fazer uma maravilhosa sopa a partir da pedra que empunhava. E, iludindo os hospedeiros, conseguiu fazer uma deliciosa refeição com os melhores produtos que estes, com o seu trabalho, semearam, criaram e colheram. E depois de reconfortado, o frade lavou a pedra e saíu para pregar noutra freguesia...

Enquanto comia a excelente sopa da pedra no restaurante pioneiro da dita, em Almeirim, constatei então que esta lenda, nos tempos que correm, não poderia ser mais actual e, mais grave ainda, estes "frades" ilusionistas multiplicaram-se exponencialmente e estão em todos os lugares do poder e de decisão.

E o país parado, com os seus cidadãos descontentes, protestando entre si, insultando, dizendo mal, mas cada vez mais acomodados no seu sofá, seguindo as quotidianas novelas de mais um escândalo que agora abrem, por regra, os telejornais.

Mas para contrariar e combater esta actual situação é necessário lançar os fundamentos de uma nova sociedade, como prevê a Declaração Política do Movimento Nova Esquerda, que tive a oportunidade de ouvir na Assembleia de Almeirim e da qual extraí o parágrafo seguinte.

"Uma nova sociedade solidária, submetida aos valores supremos da justiça, que saiba valorizar os méritos de todos quantos contribuem para o progresso social e que seja capaz de punir quem comete crimes graves, uma sociedade criativa na cultura, na educação, nas artes e na economia, uma sociedade ecológica que saiba preservar os seus recursos e a diversidade da natureza, que combata o desperdício e promova o consumo inteligente e adequado ao desenvolvimento justo e equilibrado dos cidadãos num quadro de sustentabilidade económica e ecológica, uma sociedade que valorize a felicidade individual, uma sociedade que invista no conhecimento e na ciência."

Foto: ATP

quarta-feira, 7 de abril de 2010

segunda-feira, 29 de março de 2010

A Invasão



O grupo reuniu discretamente no topo setentrional da Augusta via, mesmo junto ao Rossio. Os seus componentes fizeram aproximações a partir de vários pontos da praça. Os primeiros a chegar, já tinham trocado as primeiras informações e acertado os relógios dentro da Tendinha.

À hora pontual, 11h47m, estavam todos reunidos.

Cinco oficiais superiores e três adjuntos, olharam mais uma vez para os planos da missão. Mera formalidade dado a mesma vir sendo preparada meticulosamente há várias sextas-feiras, num local oposto da cidade, longe da curiosidade mórbida dos canais televisivos e do serviço de “escuteiros”.

O nome com que baptizaram a operação “Goa e as suas tentações” queria dizer tudo e, ao mesmo tempo, nada dizia. Única certeza: invadir Goa. Só que desta feita, não se optaria pela rota do Cabo nem tão pouco do Suez, mas sim e contra tudo o que preconizam os tratados castrenses, pelo Poço do Borratém. É que eles sabiam que escolhendo esta solução, teriam garantido o apoio, em caso de baixas, de dois hospitais de campanha: o das Camisas situado em frente à Pensão Alcobia “Pague uma noite e goze o dia” e o dos Casacos, ao virar da esquina, que por acaso também conserta calças e faz bainhas.

Voltemos à missão. Em pequenos e fingidamente desacautelados grupos de 2 ou 3 operacionais, atravessaram a Betesga, contornaram a Figueira por sul, afloraram à Madalena e entraram no Poço. Quando este deixou de o ser para se assumir como Alegrete, os 8 já reunidos, dispuseram-se em cunha e de uma rajada invadiram S. Pedro que logo ali passou a Mártir.

Às 11h58m52s estavam às portas de Goa. O responsável pela fortaleza, ao reparar nas expressões determinadas dos súbitos invasores, assomou à porta e informou: “Estamos a acabar de limpar o chão. Esperem só mais um bocadinho”

Pouco passava do meio-dia quando os bravos tomaram a praça. Depois tomaram as entradas, tomaram as bebidas, tomaram o resto e no final tomaram a decisão de, dentro em breve, repetirem o ataque.

É que é muito difícil resistir às Tentações de Goa.

Para outros possíveis invasores: Tentações de Goa – comida goesa - Rua S. Pedro Mártir, nº 23 r/c Lisboa.







Repórter Pólux (José Castor)

sexta-feira, 19 de março de 2010

Novo nicho



Quem anda à procura de parceiros investidores para um projecto revolucionário é Carlina Buraca. A explicação, dada pela própria, é a seguinte: “Ómessa! Não há cerveja sem álcool!? E laranjadas sem açúcar!? E café sem cafeína!? E jogos de futebol sem espectadores!? E eleições sem derrotados!? Pois então, eu quero impor-me no mercado ecológico e vou vender campos de golfe integralmente lisos. Só numa segunda fase é que vou vender os buracos! E isto se for contemplada pelos fundos do QREN!”

Segundo o vespertino económico “Aurora Financeira”, já haverá um empresário do norte interior a aguardar vivamente pela segunda fase para investir, também a fundo, nos buracos da Carlina.



(Vinhetas Sociais - Autor: José Castor)

sexta-feira, 12 de março de 2010

Imprevistos

                   Repórter Pólux

A Assembleia Municipal de Sant’Olga da Serra, nomeou uma CE - Comissão de Ética para apurar se o Presidente da edilidade mentiu, ou não, quando, instado pela comunicação social local, sobre a pertinente questão da compra da drogaria “Prego a Fundo” por parte da Farmácia “Droga Leve”, se ele sabia do quase negócio, respondeu com um lacónico e filosófico “sei que não sei”.

Foi precisamente esta afirmação socrático-negativa que levou a que um grupo de deputados municipais pertencentes ao maioritário grupo dos portugueses que nunca mentiram, não mentem e jamais mentirão, dinamizassem de imediato uma comissão, dita de ética, para esclarecer todos os aspectos que se prendem com o tema, nomeadamente se a tal compra que o presidente impediu que se fizesse, fazia parte de um plano mais vasto e tenebroso de controlo de todas as drogarias portuguesas.

Já foram ouvidas 18.564 intervenientes na questão que pouco ou nada esclareceram sobre o assunto.

Ontem mesmo, quando questionado sobre este impasse, o presidente da CE, chamou a atenção para o facto de ainda só terem sido ouvidos 0.18% da população, “pelo que ainda há muita louça para partir”, sic.

Curiosamente, ou não, poucos minutos após estas afirmações terem sido proferidas, entrou na sala da Comissão, um grupo de três elementos com vagas feições de leste que a princípio se julgou tratar-se de turistas que também pretendiam prestar os seus depoimentos ou distribuir panfletos promocionais de um qualquer detergente, mas que logo se concluiu, mais não fosse pelas klashnikov que empunhavam, não serem bem essas as suas intenções.

Duas horas e quarenta minutos depois, os deputados sem palidez nos rostos e sem carteiras nas algibeiras, retomaram os trabalhos com os seguintes considerando e proposta apresentados pelo presidente:

“Considerando que os inesperados visitantes, porventura inadvertidamente, levaram consigo os gravadores de som e imagem, proponho que voltemos ao início das audições mas desta vez numa comissão mais restrita, e que essa comissão se constitua como Comissão de Estética para impedir que qualquer bicho-careto, sic, venha intrometer-se nos nossos trabalhos.”
A proposta foi aceite e os trabalhos, dada a urgência, irão recomeçar logo a seguir ao período de Natal.

#Repórter Pólux

(Vinhetas Sociais - Autor: Repórter Pólux)

segunda-feira, 8 de março de 2010

O tempo de Mario Quintana

O Tempo

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê já é sexta-feira!
Quando se vê já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente
e iria jogando pelo caminho o casco dourado e inútil das horas...
Seguraria o amor que está à minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais:
não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.

A única falta que terá será o desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

Mario Quintana

sexta-feira, 5 de março de 2010

006676654987



Fartos de levarem nas orelhas por raramente acertarem nas previsões meteorológicas, os técnicos do ITL-Instituto do Tempo Local, criaram um novo serviço de atendimento telefónico que se tem revelado muito interessante para as partes interessadas.

É simples: marca-se o número em epígrafe e uma voz gravada e muito agradável informa-nos:

“Se pretende saber que tempo fez ontem, marque 1.

Se pretende saber que tempo está a fazer hoje, marque 2.

Se pretende saber que tempo fará amanhã, telefone depois de amanhã”.

Embora a primeira chamada saia cara, uma vez que o callcenter está em Singapura, as restantes saem em conta porque não voltam a acontecer. E o investimento alternativo no Borda-d’água é despiciendo.

Diversos serviços meteorológicos estrangeiros manifestaram-se interessados em adquirir este serviço que já está patenteado.



(Vinhetas Sociais - Autor: José Castor)

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A crise quando nasce é para todos

E o jet set nacional não escapa.

A colunável Kyki Bailindo esteve a passar, de forma discreta, oito dias de férias de neve sem neve no Vale do Trancão. Sempre acompanhada pelo ex-namorado, pelo actual companheiro e pelo futuro pai dos seus filhos, Kiky, raramente saiu de casa e só mesmo à noitinha é que assomava ao alpendre da moradia para fruir um pouco da maresia local e ver as obras de reparação do viaduto que felizmente seguem a bom ritmo.
Questionada por sms, porque razão este ano escolheu o Trancão, Kiki limitou-se a responder, de forma abreviada e pela mesma via: játi nharre pará donisso.


(Vinhetas Sociais - Autor: José Castor)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Bate-bate coração

O actor Tiró Álvaro tem nova namorada. Apesar dos esforços para esconder a recente relação, Tiró e a modelo Titi Balsa já foram vistos, de mão dada, no mini, no super, no hiper e até no comércio local. A vizinhança confirma que moram no 5º andar tardoz do prédio da esquina, desde que se enamoraram à primeira vista. Nem o facto do actor andar a deixar crescer o bigode, por causa das cenas da próxima telenovela, e a modelo andar a deixar crescer a barriga, por causa das cenas do costume, lhes permite terem o anonimato desejado.

(Vinhetas Sociais - Autor: José Castor)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Comida e Afectos

Costuma dizer o meu Amigo António Pinho, homem da cultura, que as refeições entre os amigos passam mais pelos afectos que pela comida.

Concordo plenamente.

Mas quando à mesa de um anfitrião açoriano de gema se apresentam todas as variedades possíveis de queijo do seu arquipélago, então, o repasto passa não só pelos afectos mas também pela comida.

E o grupo, um misto de seniores e juniores, interpretou o evento como uma sinfonia de sabores e afectos.



segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Separação Inesperada


Depois de uma relação que durava há milénios, Abominável Homem das Neves separou-se de sua mulher. Desconhecem-se os verdadeiros motivos embora uma amiga próxima do casal tenha deixado escapar a inconfidência que tal, se deve ao facto de estar a nevar acima dos 400 metros o que terá alargado de um dia para outro a área de diversão nocturna de Abominável, permitindo-lhe assim, aceder a algumas casas de alterne que se situam a essa cota.

Fomos ao Colo do Pito, junto à A24, confirmar com a sua ex, mas Abominável Mulher do Neves, derretida em estalactites de lágrimas, apenas nos disse que só consegue descer aos 550, vá lá, 540 metros. E, lívida, sumiu no branco.

(Vinhetas Sociais - Autor: José Castor)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O biscoito


E depois do champagne a jorrar, aqui em baixo, como símbolo do Ano Novo, teria mesmo de mostrar o biscoito que foi vedeta nas últimas festivas confraternizações com os Amigos.

Este bolinho, um ícone da minha terra, que a Dona Maria Joaquina, artista-confeiteira local, celebrizou durante mais de meio século no seu ambiente caseiro e particular, tem um formato singular. Um formato completamente inócuo para os meus olhos e dos meus conterrâneos, habituados desde sempre à geometria diferenciadora do biscoito.

Mas afinal a outros olhos, olhos virgens neste caso, correspondem outras visões. A minha amiga Ana, por exemplo, confrontada pela primeira vez com o biscoito, comentou-me que via o bolinho como o símbolo da fecundidade da natureza dado o seu comprometedor aspecto fálico.

Com alguma dificuldade e passados muitos minutos de atenta observação, devo confessar que também mudei a minha cristalizada visão. Mas agora adquiri uma dúvida que nunca terei oportunidade de esclarecer:



Em que estaria a pensar a criadora do biscoito quando o desenhou?

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Feliz Ano Novo




Que o Ano 2010 seja pleno de Saúde, Paz e Alegria!