Este bolinho, um ícone da minha terra, que a Dona Maria Joaquina, artista-confeiteira local, celebrizou durante mais de meio século no seu ambiente caseiro e particular, tem um formato singular. Um formato completamente inócuo para os meus olhos e dos meus conterrâneos, habituados desde sempre à geometria diferenciadora do biscoito.
Mas afinal a outros olhos, olhos virgens neste caso, correspondem outras visões. A minha amiga Ana, por exemplo, confrontada pela primeira vez com o biscoito, comentou-me que via o bolinho como o símbolo da fecundidade da natureza dado o seu comprometedor aspecto fálico.
Com alguma dificuldade e passados muitos minutos de atenta observação, devo confessar que também mudei a minha cristalizada visão. Mas agora adquiri uma dúvida que nunca terei oportunidade de esclarecer: