quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O Dia dos Abalos


Quando à 01h30 desta madrugada acordei com o ranger da madeira da cama pensei que o meu fiel amigo, o Gilinho, me tivesse ido visitar e, contrariamente ao que é costume, passar o resto da noite fora da sua casota. Mas não! O Gilinho continuava nos seus aposentos e eu sem certezas do que teria acontecido.

A confirmação de um abalo telúrico tive-a logo que liguei a TV pela manhã e vejo de imediato a cara do responsável ministerial. Percebi então que a máquina que nos protege nestas situações tinha funcionado e que o ministro estava plenamente satisfeito com a eficácia demonstrada. Magnífico, o primeiro abalo do dia, o telúrico, tinha-se resolvido por ele próprio!

Mas o segundo abalo do dia veio logo de seguida, agora, através da rádio. O ecomomista Octávio Teixeira dizia, na sua conversa semanal com a jornalista Eduarda Maio, da Antena 1, que o salário mínimo nacional previsto para 2010, tinha um poder de compra inferior em 15% comparativamente ao existente antes da revolução de Abril de 1974, isto é, há 35 anos.

Como? Teria ouvido bem? Claro que sim. É fácil perceber que os pobres estão, cada ano que passa, mais pobres e isto não pode deixar de fazer corar de vergonha os democratas que têm governado o país nas últimas décadas.

Mas como diz o ditado que, não há dois sem três, veio de imediato o terceiro abalo do dia. O sociólogo e pensador António Barreto confirmava, em entrevista à comunicação social, que a justiça em Portugal está pior hoje que a existente no regime ditatorial de antes do 25 de Abril. Aqui não tive dúvidas se teria ouvido bem. Mas sendo inacreditável conceber um retrocesso destes em pleno regime democrático é facil encontrar uma explicação. É que os homens que fazem a justiça hoje são formatados para as câmeras de TV e os de antigamente eram formados em leis e discretos na aplicação da justiça.

Provavelmente teria ouvido falar de outros abalos ao longo do dia, se continuasse atento, por exemplo, nas áreas da educação e da saúde, mas aqui, penso, de grau menor na escala.

Mas este foi mesmo o dia dos abalos.

Haja saúde!

1 comentário:

Anónimo disse...

Não senti o abalo fisico, da " Terra ", nessa noite. Há uns anos atrás, em Avanca, senti um bastante forte. Mas desagradável foram as réplicas sentidas na Terceira, salvo erro em Janeiro de 1980. Após o Terramoto, segui no primeiro avião, não tinhamos notícias dos nossos colegas e da Fábrica. Aos colegas todo o apoio era necessário e a Fábrica o seu funcionamento era imperioso, as vacas não poderiam guardar o leite.
Ainda tenho na olhos, ao sair do avião nas Lages, as fisionomias de terror do casal Gonçalves da Silva.
A mulher regressou a Lisboa no mesmo avião ...???
Quanto aos restantes abalos que por cá continuam, em dimensão e galáxia diferentes ...???!!! Merecem comentários? Eles já são tantos, solução???!!!,resta-nos lamentar? Apenas???!!!
Um abraço
P.Teixeira