segunda-feira, 29 de março de 2010

A Invasão



O grupo reuniu discretamente no topo setentrional da Augusta via, mesmo junto ao Rossio. Os seus componentes fizeram aproximações a partir de vários pontos da praça. Os primeiros a chegar, já tinham trocado as primeiras informações e acertado os relógios dentro da Tendinha.

À hora pontual, 11h47m, estavam todos reunidos.

Cinco oficiais superiores e três adjuntos, olharam mais uma vez para os planos da missão. Mera formalidade dado a mesma vir sendo preparada meticulosamente há várias sextas-feiras, num local oposto da cidade, longe da curiosidade mórbida dos canais televisivos e do serviço de “escuteiros”.

O nome com que baptizaram a operação “Goa e as suas tentações” queria dizer tudo e, ao mesmo tempo, nada dizia. Única certeza: invadir Goa. Só que desta feita, não se optaria pela rota do Cabo nem tão pouco do Suez, mas sim e contra tudo o que preconizam os tratados castrenses, pelo Poço do Borratém. É que eles sabiam que escolhendo esta solução, teriam garantido o apoio, em caso de baixas, de dois hospitais de campanha: o das Camisas situado em frente à Pensão Alcobia “Pague uma noite e goze o dia” e o dos Casacos, ao virar da esquina, que por acaso também conserta calças e faz bainhas.

Voltemos à missão. Em pequenos e fingidamente desacautelados grupos de 2 ou 3 operacionais, atravessaram a Betesga, contornaram a Figueira por sul, afloraram à Madalena e entraram no Poço. Quando este deixou de o ser para se assumir como Alegrete, os 8 já reunidos, dispuseram-se em cunha e de uma rajada invadiram S. Pedro que logo ali passou a Mártir.

Às 11h58m52s estavam às portas de Goa. O responsável pela fortaleza, ao reparar nas expressões determinadas dos súbitos invasores, assomou à porta e informou: “Estamos a acabar de limpar o chão. Esperem só mais um bocadinho”

Pouco passava do meio-dia quando os bravos tomaram a praça. Depois tomaram as entradas, tomaram as bebidas, tomaram o resto e no final tomaram a decisão de, dentro em breve, repetirem o ataque.

É que é muito difícil resistir às Tentações de Goa.

Para outros possíveis invasores: Tentações de Goa – comida goesa - Rua S. Pedro Mártir, nº 23 r/c Lisboa.







Repórter Pólux (José Castor)

sexta-feira, 19 de março de 2010

Novo nicho



Quem anda à procura de parceiros investidores para um projecto revolucionário é Carlina Buraca. A explicação, dada pela própria, é a seguinte: “Ómessa! Não há cerveja sem álcool!? E laranjadas sem açúcar!? E café sem cafeína!? E jogos de futebol sem espectadores!? E eleições sem derrotados!? Pois então, eu quero impor-me no mercado ecológico e vou vender campos de golfe integralmente lisos. Só numa segunda fase é que vou vender os buracos! E isto se for contemplada pelos fundos do QREN!”

Segundo o vespertino económico “Aurora Financeira”, já haverá um empresário do norte interior a aguardar vivamente pela segunda fase para investir, também a fundo, nos buracos da Carlina.



(Vinhetas Sociais - Autor: José Castor)

sexta-feira, 12 de março de 2010

Imprevistos

                   Repórter Pólux

A Assembleia Municipal de Sant’Olga da Serra, nomeou uma CE - Comissão de Ética para apurar se o Presidente da edilidade mentiu, ou não, quando, instado pela comunicação social local, sobre a pertinente questão da compra da drogaria “Prego a Fundo” por parte da Farmácia “Droga Leve”, se ele sabia do quase negócio, respondeu com um lacónico e filosófico “sei que não sei”.

Foi precisamente esta afirmação socrático-negativa que levou a que um grupo de deputados municipais pertencentes ao maioritário grupo dos portugueses que nunca mentiram, não mentem e jamais mentirão, dinamizassem de imediato uma comissão, dita de ética, para esclarecer todos os aspectos que se prendem com o tema, nomeadamente se a tal compra que o presidente impediu que se fizesse, fazia parte de um plano mais vasto e tenebroso de controlo de todas as drogarias portuguesas.

Já foram ouvidas 18.564 intervenientes na questão que pouco ou nada esclareceram sobre o assunto.

Ontem mesmo, quando questionado sobre este impasse, o presidente da CE, chamou a atenção para o facto de ainda só terem sido ouvidos 0.18% da população, “pelo que ainda há muita louça para partir”, sic.

Curiosamente, ou não, poucos minutos após estas afirmações terem sido proferidas, entrou na sala da Comissão, um grupo de três elementos com vagas feições de leste que a princípio se julgou tratar-se de turistas que também pretendiam prestar os seus depoimentos ou distribuir panfletos promocionais de um qualquer detergente, mas que logo se concluiu, mais não fosse pelas klashnikov que empunhavam, não serem bem essas as suas intenções.

Duas horas e quarenta minutos depois, os deputados sem palidez nos rostos e sem carteiras nas algibeiras, retomaram os trabalhos com os seguintes considerando e proposta apresentados pelo presidente:

“Considerando que os inesperados visitantes, porventura inadvertidamente, levaram consigo os gravadores de som e imagem, proponho que voltemos ao início das audições mas desta vez numa comissão mais restrita, e que essa comissão se constitua como Comissão de Estética para impedir que qualquer bicho-careto, sic, venha intrometer-se nos nossos trabalhos.”
A proposta foi aceite e os trabalhos, dada a urgência, irão recomeçar logo a seguir ao período de Natal.

#Repórter Pólux

(Vinhetas Sociais - Autor: Repórter Pólux)

segunda-feira, 8 de março de 2010

O tempo de Mario Quintana

O Tempo

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê já é sexta-feira!
Quando se vê já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente
e iria jogando pelo caminho o casco dourado e inútil das horas...
Seguraria o amor que está à minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais:
não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.

A única falta que terá será o desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

Mario Quintana

sexta-feira, 5 de março de 2010

006676654987



Fartos de levarem nas orelhas por raramente acertarem nas previsões meteorológicas, os técnicos do ITL-Instituto do Tempo Local, criaram um novo serviço de atendimento telefónico que se tem revelado muito interessante para as partes interessadas.

É simples: marca-se o número em epígrafe e uma voz gravada e muito agradável informa-nos:

“Se pretende saber que tempo fez ontem, marque 1.

Se pretende saber que tempo está a fazer hoje, marque 2.

Se pretende saber que tempo fará amanhã, telefone depois de amanhã”.

Embora a primeira chamada saia cara, uma vez que o callcenter está em Singapura, as restantes saem em conta porque não voltam a acontecer. E o investimento alternativo no Borda-d’água é despiciendo.

Diversos serviços meteorológicos estrangeiros manifestaram-se interessados em adquirir este serviço que já está patenteado.



(Vinhetas Sociais - Autor: José Castor)